15 maio, 2012

O CAOS?

Senti cheiro de esterco quando Cabral aliou-se publicamente a Lula logo que assumiu o governo do estado do Rio. Quando Paes tomou o mesmo caminho de convergência, tive certeza que aquele cheiro se avolumaria e esbulhar-me-ia da possibilidade de cheiros menos caóticos...
Imensurável seria contabilizar quem mais lucrou com essa aliança nas três esferas da federação. Formada com vistas a dar ao Rio o papel de protagonista na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos sepultou-se qualquer possibilidade da efetiva existência de um democrático controle de um ente sobre outro, em uma espécie de política de freios e contrapesos entre entes da federação, um perigo abstrato que revelou-nos uma concreta tragédia de convergências superfaturadas.
Nunca se teve notícias de tantas obras superfaturadas no Rio de Janeiro. Empresas como a Delta, não apenas a Delta, fez emergir contas bancárias inimagináveis espalhadas pelo mundo entre os membros do esquema, ops, do governo. Patrimônios estão sendo multiplicados, não se sabe ao certo por quanto, se por cinco, se por dez, se por vinte, sabe-se apenas que há “dinheiros” sendo tão bem lavados, que estão se tornando papeis sem cor, sem rastro; cabulosa situação... A Delta, a escolhida do PAC, foi a escolhida de Cabral não por acaso, que a legenda partidária das duas letrinhas de poder não admite sua convocação para CPI, que revelaria-se uma verdadeira cachoeira de denúncias se não blindada...
Sergio Cabral, por exemplo, adquiriu uma belíssima mansão em Portobello estimada no valor de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), no entanto, declarou ao TRE, em 2010, que o imóvel de muitos quartos, closets e salas, em um condomínio que possui marina, praia particular, reserva de animais exóticos, heliporto e até um aeroporto para aeronaves de porte médio, ter o valor de um imóvel popular que poderia ser financiado pela caixa, R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Impressionante o potencial de investimento do senhor Cabral, capaz de fazer multiplicar valores tão habilmente... Mas esse Cabral é tão bom, que já adquiriu outra mansão do mesmo porte, que segundo Cabral, em toda sua humildade, deve representar o quantum de mais R$ 200.000, 00 (duzentos mil reais), pelo menos na prestação de contas no TRE... Ah, existe ainda um terreno recém adquirido, todo coberto, que inclusive a Veja já noticiou, mas se as mansões valem R$ 200.000, 00 (duzentos mil reais), o terreno deve valer “vintão”... É cabuloso... Enquanto isso o MP e o Tribunal de Contas onde estão?
E a saúde pública do estado do Rio de Janeiro? Vai bem, acreditem... E provo! O secretário estadual de saúde do Rio de Janeiro, o nobre Sérgio Cortês, declarava possuir duas empresas. Uma de consultoria e outra de energia renovável. Segundo declarações funcionavam em um sobrado no Centro do Rio. Averiguando-se, poder-se-ia de inopino ser tomado pelo espanto, pois o sobrado está estranhamente abandonado... O espanto ao continuar a averiguação há de se denotar maior... As empresas de uma hora para outra foram adquiridas por um advogado norte-americano de nome imponente, ao menos no âmbito hollywoodiano, Bruce Wood, que com a magia própria das grandes produções cinematográficas assinou procuração para o irmão do secretário, Nelson Cortês, conferindo-lhe amplos poderes sobre as empresas americanas... Pergunto: Será que o advogado norte-americano contratou os Caça Fantasmas antes da “aquisição” das empresas? Corre à boca pequena, que na realidade funcionava no fundo do sobrado uma lavanderia apelidada de “Cortês Lavanderia”, essa informação, vale dizer, não tenho como cravar nem precisar detalhes... Ah, ia me esquecendo, esse advogado, de pomposo nome, é um especialista em planejamento tributário de atuação, inclusive, internacional...
Enfim, não vou citar aqui cada negociação “exótica” que a esse sistema conluiado de entre poderes vem perpetrando, até porque nem conhecimento fático tenho para isso, nem eu nem ninguém que não participe ou tenha poderes e vontade político-funcional de investigar... O único fato que posso afirmar sem qualquer grau de leviandade é que empresas estão enriquecendo como nunca, administradores acompanhando com suas cotas-parte, e os cofres públicos sangram e marcam o erário de vermelho sangue em uma hemorragia intensa e contínua, em grande parte bem distante dos interesses públicos constitucionalmente exigidos para uma proba administração, de acordo com os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência, todas cláusulas pétreas formatadas pelo art. 37 da CF... Quem perde? Apenas nós, contribuintes fora do esquema... Vivemos uma temerária “cleptocracia”, que perigosamente estamos nos acostumando à com ela conviver... Uma triste verdade cada vez mais se avoluma no inconsciente dos discernidos ganhando o campo da consciência: Quem ao poder chega, apodrecido está. 

Sem mais...

2 comentários:

Anônimo disse...

Bela matéria rapaz! Muito bom conteúdo e bom senso de humor.
Walter.

Mariano (engenheiro da Petrobras) disse...

É realmente deplorável não ter em quem confiar. Ninguém escapa, se chegou ao poder como vc muito bem disse apodrecido está. Excelentes suas abordagens e os temas escolhidos. Você está de parabéns!