26 abril, 2012

STF E AS COTAS ÉTNICO-RACIAIS. A PERDA DA OPORTUNIDADE DE COM VERDADE SE OPORTUNIZAR...

O STF caminha. Nem para trás, nem para frente, nem para o lado; o STF, por esse que poderia representar um julgamento de caráter épico, tratante de uma temática social tão pulsante, que é a questão das cotas étnico-raciais, caminha ao chão, tropeça por suas pernas próprias trôpegas, após uma semana de desgaste institucional, e sucumbe ao poder da mais pura hipocrisia de falácias apelativas pelo que se convencionou ser o “politicamente correto”...

Segundo o voto do ministro-relator as diferenças raciais devem ser sim avocadas para se fazerem “justiças históricas”, para em um momento seguinte, alcançada a “igualdade material” terminar com o que se diferenciaria por raça, um despautério (minha opinião), que busca o fim das diferenças raciais, uma característica que nos faz plural e nos engrandece. É o início do processo de "embranquecimento" de nossa sociedade, que tanto orgulho nos promove exatamente por ser essa mistura a criadora de personalidades  plúrimas marcadas por peculiares caracteres distintivos, que nos fazem pessoas diferentes no genótipo e no fenótipo, mas iguais seres humanos nos direitos, deveres. A pedra de toque, a questão que merece relevo, é exatamente a ausência de igualdade quanto as oportunidades...

Admitida a constitucionalidade das ações afirmativas étnico-raciais sob o criativo argumento de se tratarem de discriminações positivas ou reversas - criativo para décadas passadas e positiva ou reversa por ilógica imposição de uma ideia paradoxal – as odiosas diferenças que o tempo estava se encarregando de apagar voltam imperiosas e impositivas pela legitimação da maior instância de justiça do país, um perigo que macula a meritocracia e infirma a raça negra como raça subordinada, que para alcançar a “igualdade” com a raça “dominadora” necessita da intervenção do Estado que está por lhe declarar menor! Estou presenciando pelo STF uma “escatologia” jurídica que reverbera a putrefata discriminação por graus de melanina no país mais miscigenado do mundo, dividindo uma sociedade plural, criando uma cultura segregadora, que em absoluto não se identifica com a realidade brasileira e desrespeita a dignidade da pessoa humana, desrespeita a própria identidade do negro em nosso país.

Neste país não há segregação por cor, neste país não há um apartheid racial, nesse país há um gravíssimo apartheid social de oportunidades, que perpassa pelas raças negra, branca, cafuza, mameluca e cabocla. Nesse país vive-se uma crise estrutural de uma educação quase falida, essa sim histórica, essa sim não enfrentada pelo poder público nem pelo Supremo Tribunal Federal, essa sim segregadora de oportunidades...

Lamentavelmente, não se consolidará pelo STF as ações afirmativas sociais, estas sim inclusivas e não segregadoras, até porque, para implementá-las, demandariam não políticas públicas paliativas, discriminatórias e insubsistentes, mas uma mudança estrutural de prioridades, saindo-se da comodidade do Estado "faz de conta" para o real enfrentamento das raízes de nossos reais problemas... A postura do Supremo é patética, cria uma hierarquia por cor e declara constitucional não o tratamento desigual para os desiguais, mas sim o tratamento desigual para os iguais. Não custa lembrar, que ações afirmativas sociais faticamente albergariam muito mais a população negra e parda (maioria nesta categoria em nossa estratificada sociedade), mas de forma satisfatória, sem discriminações entre iguais, abarcando a população branca sem oportunidades, na conformidade do espírito de nossa Constituição. Iniciar-se-ia um processo de restauração de nossas reais feridas históricas, que é o desinteresse de informar a todos com qualidade para meritoriamente se alcançar a plena cidadania e o respeito por suas conquistas. Mas a quem isso NÃO interessaria? Exatamente a quem detém o poder, seja homem ou mulher; branco, negro, pardo ou albino... O país já possui problemas que parecem insolucionáveis, o STF está importando e legitimando um que não nos pertencia com uma decisão populista muito peculiar ao sistema que se instalou no país na última década, postergando o verdadeiro fim de nossas ignorâncias e a verdadeira razão de nossa crise de igualdade de oportunidades...

Sobre o sistema de cotas este é o 3º post que faço. A partir desse momento insiro a parte pertinente do último, que condensa toda minha opinião sobre a temática em pauta. O julgamento do Supremo apenas iniciou-se, mas como "macaco velho" e conhecedor daquele sistema de poder não me restam dúvidas quanto a seu lamentavelmente emporcalhado final, antecipando-me. Passo a reproduzir uma ótica que julgo mais crível com as nossas realidades sociais:

O sistema de cotas surgiu nos EUA como ação afirmativa. Eram cotas raciais onde a raça, diametralmente oposto ao que ocorre no Brasil, é o grande critério diferenciador das pessoas. Hoje a Suprema Corte proíbe peremptoriamente o sistema de cotas raciais nas universidades, pois agrava a discriminação, contraria a igualdade republicana e agride a autonomia universitária da escolha por critérios meritórios. Hoje o sistema de cotas é usado na Africa do Sul, devido ao ainda presente apartheid, na Índia por causa do sistema de castas (o que agravou estatisticamente em muito a questão do ódio por raça) e no Canadá devido a questão de Quebec. O sistema de cotas, dada nossa realidade mestiça, não estaria a afetar a própria identidade do povo brasileiro?

Deixo um dado para reflexão: Tanto na Alemanha como no Japão, por exemplo, o número de universitários é relativamente baixo, com percentuais próximos ao do Brasil. Na Bolívia, longe de ser um exemplo de estabilidade econômica ou política, o número de estudantes universitários é o dobro do brasileiro. Reflita...

Não se discute que o regime escravocrata influenciou fortemente a estratificação social, sendo esta situação acentuada no momento pós-abolicionista com a chegada dos imigrantes europeus e a competição acirrada pelo mercado de trabalho. Somente após os anos 30 começou a proletarização e urbanização dos negros e dos mulatos, havendo uma melhoria na situação nos anos 50 com a industrialização no país. Isso é parte de uma história. Quantas gerações serão "vitimadas" por uma história mal iniciada de exploração?

De acordo com o conceito da Comissão de Direitos Civis dos Estados Unidos a expressão "ação afirmativa" abrange qualquer medida além da simples interrupção da prática discriminatória adotada com a finalidade de corrigir ou compensar a discriminação passada ou presente ou evitar que a discriminação ocorra no futuro.

A questão trazida à baila se atém marcantemente na distinção entre isonomia formal e material. A primeira é a isonomia do art. 5º, caput da CF e a segunda trazida por Rui Barbosa, que permite um tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais na medida de suas desigualdades. Muito interessante notar, que hoje estes movimentos de esquerda, chamados de inclusão, vêm utilizando de pautas sempre manipuladas (em seu melhor sentido) pela direita, quando se proclama o "direito à diferença". Não há como enfatizar a diferença sem afirmar ao mesmo tempo uma distinção de valor. Por isso, trazer como argumentação os paradoxos "diferentes, mas iguais ou igualdade da diferença" seria mais um argumento de direita que propriamente de esquerda... A diferença na cor da pele, por exemplo, é uma diferença advinda da natureza e que mereceria um tratamento como igual sim, pois iguais são. A esquerda sempre esteve mais na luta pela igualdade, abstraindo-se particularidades como a cor da pele, mas hoje vem defendendo o reconhecimento destas diferenças em um discurso muito mais segregador que propriamente agregador, é o que na Europa se convencionou denominar de "discriminação positiva", uma imperfeição terminológica, um equívoco, já que toda discriminação inelutavelmente é negativa. Diferenças que devem ser cultuadas e valorizadas são as culturais, de origens, não as advindas da cor da pele...

A luta pela igualdade, de alguma forma, perde a sua logicidade se o propósito é o reconhecimento das diferenças, como subterfugia forma de atenuar desigualdades. Na lógica da diferença, a mulher, que constitucionalmente recebeu o mesmo tratamento do homem, salvo expressas exceções também constitucionais, teria direito a diferença de gênero, se a mulher considerada for negra, terá direito a diferença de gênero e agora de etnia, se portadora de uma certa deficiência terá direito a mais essa diferença, donde se poderia concluir que de tão diferente esta mulher negra e deficiente nem humana seria... Na realidade, essa mulher é igual a qualquer outro ser humano, e a única diferença relevante a ser considerada seria sua deficiência, ainda assim, se comprometedora da execução de atividades que se espera de um ser humano pleno. Etnia e gênero não são diferenças carecedoras de ações afirmativas, salvo as exceções constitucionais, em uma sociedade com as realidades hodiernas, mas sim, ações afirmativas nesses sentidos reproduzem diferenças históricas que não se deveriam somatizá-las, discriminações que não se deveria tolerar, é uma forma equivocada de se corrigir um erro cometendo outro. Incentivar é bem diferente de discriminar e deveria ser aquela a ferramenta para que o poder público alcançasse a igualdade constitucional...

As ações afirmativas, reafirmo, são de indelével positividade quando se busca alcançar os problemas de hoje, e não reconstruir os problemas do passado, catapultando-os para o presente, revivendo-os inadvertidamente como forma paliativa de solução de problemas estruturais diversos. É a estratificação social do nosso país a geradora das diferenças e não o gênero ou a cor da pele. Se há mais negros nas comunidades carentes, há também brancos que convivem com as mesmas dificuldades. Por que se criar mais uma diferença na existência de situações iguais? Vai aquela batida pergunta: Quem é negro no Brasil para se diferenciar, se somos uma esmagadora maioria de pardos?

Essa pergunta remete-me a um fato que descrevi no post de 2009, quando expus um caso concreto onde dois irmãos gêmeos e univitelinos tentaram o ingresso na universidade pelo sistema de cotas. Olhados com a maior atenção percebia-se que um deles era mais "moreninho" que o outro, algo praticamente imperceptível, incapaz de diferenciá-los por quem não os conhecessem. Pois é, um deles foi aprovado na universidade graças ao sistema de cotas tirando uma nota notadamente inferior ao seu irmão univitelino, pois este embora se autodeclarasse de origem negra, não foi considerado negro em sua avaliação... São distorções irremediáveis e inconcebíveis, geradoras de injustiças, em um país mestiço, portador de desigualdades sociais, não étnico-raciais. Nossa realidade não se mistura com a americana ou com a da África do Sul, onde o racismo e o regime de apartheid foram e ainda são uma realidade.

Somos uma sociedade plural de diferentes culturas e cores, e é exatamente essa pluralidade que caracteriza nossa sociedade, são essas diferenças que podemos chamar de Brasil e tratar cada um dos nossos de forma igual sem qualquer distinção, de acordo, inclusive, com o que preceitua nossa Constituição, igualando-nos sim, de forma a não discriminar as oportunidades para se formar uma sociedade de cidadãos plenos. Nossas desigualdades geradoras de conflito e denotadoras da ausência de uma política pública minimamente satisfatória está no campo das oportunidades, e o único remédio desejável de combate é a educação qualificada para todos.

Se as consideradas minorias ao invés de lutarem por facilitações desiguais lutassem por uma profunda revolução no ensino do país, estas minorias unidas formariam uma maioria com a mais completa e justa legitimidade para suas reivindicações. Não se pregaria a diferença, não se capturaria do passado as questões étnico-raciais já amenizadas no tempo, muito pelo contrário, pleitearia-se o direito a igualdade das condições de luta, de oportunidades, compatíveis com um Estado Democrático de Direito, que avocou para si a responsabilidade de uma educação digna. Desta forma, não se abstrairia, por conseguinte, a meritocracia, que é uma das bases de sustentação de uma sociedade democrática plena. No Brasil, não existe este "apartheid étnico", não podemos é criá-lo com estas políticas de imposição... Nosso "apartheid é econômico-social", que só será vencido através de uma educação qualificada. Políticas afirmativas, como as sustentadas pelos movimentos negros, desviam o foco principal que é a melhoria da educação de nosso país. Pular etapas através de facilitações não produz conquistas, mas inversão de valores, retrocessos odiosos e discriminatórios, contrários a meritocracia e a própria dignidade humana. Não podemos abraçar a ideia pautada na mais pura hipocrisia de que os de cor negra precisam enxergar outros de sua cor em posições de destaque para o aumento de suas auto-estimas... Se assim, passemos em alguma das muitas comunidades carentes deste país e escolhamos um com pele negra, bem negra (excluindo a possibilidade dos de menor quantidade de melanina), e o elejamos nosso próximo presidente. Teremos assim resolvido os problemas sociais de nosso país? 

O problema do racismo, ainda existente, embora atenuado pela história, deve ser tratado com um rigor exemplar pelo Estado, punindo-se seus praticantes com leis mais rigorosas, e desta forma, ajustando-se parcela da sociedade que ainda se mantém desviada. O racismo, é hoje, um crime inafiançável e imprescritível, mas sua pena ainda é insuficiente, o mesmo se diz quanto ao crime de injúria qualificada (que não é inafiançável nem imprescritível), ambos clamam por uma reprimenda estatal exemplar e bem mais gravosa que as aplicadas hodiernamente. Com uma melhoria na educação e uma mudança na quantificação da pena para esses crimes odiosos teríamos um avanço sustentável e isonômico e não um paliativo discriminatório de papel invertido. O foco correto é essencial para uma luta justa e legítima, sob pena de o erro apenas somatizar o problema e gerar outros não existentes...

Enfim, é um tema polêmico e pulsante, como disse, e que qualquer posição defendida deverá ser respeitada e estará passível de críticas, onde todas as críticas deverão ser entendidas como legítimas, pois vivemos em uma sociedade constitucional democrática, que deve defender nossas pluralidades (principalmente de opinião), que deve ver respeitadas nossas liberdades (particularmente as de expressão e informação), em toda sua amplitude. Uma pena o STF não ter enfrentado essas chamadas "políticas compensatórias" como deveria. Afundou-se em exemplos apelativos como fundamentos ensejadores dessas fabricadas discriminações. A rejeição de grande parcela da sociedade não diz respeito às políticas públicas de ações afirmativas, mas sim da ação afirmativa vir a beneficiar discriminando, por questão de cor e não de condições sócio-econômicas, como deveria ser o foco. Essa distinção os ministros certamente não abordarão, pois se abordadas, suas teses se distanciarão ainda mais da realidade desse país e do espírito de nossa lei maior. Por essa decisão estar-se-á legitimando o pleito de cotas também para obesos, que indubitavelmente sofrem discriminações em sua vidas, dificuldades de se inserirem no mercado de trabalho e mesmo de completar seus estudos pela constância dos bullyngs nos ambientes escolares... E o que diríamos das comunidades GLBT? Essa decisão do STF é pífia, simplista, pobre de sustentação e odiosa, por criar diferenças inexistentes nos dias de hoje e ignorar as existentes que clamam por solução...

Particularmente a única cota para negro, que entendo justo apoiar, é mesmo a cota para humor negro, mas claro, com a razoabilidade e parcimônia necessárias...

Sem mais.

24 abril, 2012

O MENSALÃO BATE A SUA PORTA! BÚÚÚ! E QUEM SE ASSUSTA?


E a contagem regressiva se inicia para desespero do PT... Aproxima-se o dia do aguardado, postergado, protraído julgamento do “mensalão”, e a cúpula vermelha, capitaneada por Lula, lança-se ao mar para o salvamento de sua tripulação à deriva prestes a se afogar... Será?
Dos onze ministros, sete foram indicados pelo PT de Lula e Dilma... O que esperar do julgamento de José Genuíno e José Dirceu? Dois Zé(s), que a corja vermelha procura redimensioná-los como Zé(s) ninguém no esquema do mensalão... Meu nariz vermelho já mandei preparar... Outros Zé(s) foram denunciados, mas esses são os Zé(s) Manés do esquema... Aliás literalmente são 40 ladrões denunciados, quanto ao Ali Babá...
Interessante notar, que Lula formalmente longe do poder, embora informalmente com todo o poder, veste sua cara de "madeira sem lei", podre e lambuzada de verniz e lança a ordem aos senhores ministros em entonação clara e imperativa: O julgamento deverá ser pela absolvição por falta de provas!
E esperar o quê? Feitos de palhaços somos todos constantemente, mas idiotas nem todos somos por formação... Cesar Peluso, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowiski, Carmem Lúcia, Rosa Maria Weber, Luiz Fux e Dias Tóffoli; todos indicações do PT para o Supremo. Este último, vale lembrar, foi advogado do PT e membro da AGU no governo Lula. Alguém consegue enxergar um julgamento imparcial no caso mensalão? A parcialidade é tão manifesta, que cogita-se da possibilidade do Ministro Dias Tóffoli declarar-se suspeito e não participar do julgamento, hipótese essa incogitável por Lula segundo comando direto do próprio ao Ministro...
O caso é de guerra! Uma luta que trafica influências em busca da glória e de uma redenção social... E explico: O Governo Lula conseguiu manter-se com bons índices de popularidade, mas sempre teve que conviver com esse caroço de angu entalado na goela ludibriando seus engasgos frente as câmeras; teve que conviver com essa pedra no sapato escondendo suas feridas, e claro; contou sempre com a fundamental colaboração da baixa qualidade cultural que reveste nossa sociedade para o seu menor discernimento... Lula sempre afirmou pela lúdica inocência de seus pupilos e jurou o mais profundo desconhecimentos dos fatos que a mídia demonstrou ao longo do escândalo... Lula sempre fez questão de se apresentar surdo e cego (não ouvi nada e nada vi!), mudo lamentavelmente jamais, ele nunca conseguiu alcançar esse processo evolutivo, gritando sempre pela inocência de sua quadrilha de amigos... Uma absolvição, ainda que por falta de provas, de seus protegidos bandidos, ops, companheiros de partido, seria a cusparada de seus engasgos, a pedrada com sapato e tudo lançada nos cornos da oposição, que apesar de vencida, sempre fundamentou suas derrotas por ser o Lula um mito criado à imagem e semelhança de seu povo, nos dois sentidos possíveis: uma espécie do retorno do “filho de Deus” (aos mais religiosos) e uma besta quadrada como o espelho de seu povo (aos mais céticos), e por ser aquele em apertada síntese o resumo de nossa “sociedade carola por exploração, Lula ganhou o status de um opositor de difícil enfrentamento"...
Saliento, no entanto, que nem tudo está perdido, e digo por quê! As provas trazidas aos autos podem se revelar tão robustas que não haja parcialidade suficiente para se cogitar uma absolvição. Uma outra possibilidade seria a de alguns ministros indicados pelo PT, em meio ao atento olhar fiscalizador de parcela da sociedade para esse épico julgamento, se mostrarem acuados pela ética republicana, democrática, e assim virem-se tomados pelo sentido mais genérico de justiça. Uma última hipótese que poder-se–ia ventilar seria um real comprometimento com suas retidões e probidades funcionais, os fazendo livres por suas convicções motivadas, perfazendo-se, aí sim, o ideal de justiça que se deveria sempre buscar... Não obstante, adianto que do peludo Peluso não esperem quaisquer destas hipóteses acima mencionadas, sem entrar em maiores detalhes...
Nós, meros mortais, e também para os imortais da ABL, podemos apenas pressionar nas ruas e meios de comunicação e rezar (opção não aberta aos ateus) para que a política não vença a ética e o bom direito, para que a tão propalada impunidade não continue a percorrer seus caminhos entre os membros do poder e encontre seu habitat no quinto dos infernos ao lado de Lula, o intocável... Corre por aí que ladrão que julga ladrão tem cem anos de mensalão... Não quero crer!

Sobre o que representou o mensalão já escrevi exaustivamente... Basta jogar no "google" “Mosaico de Lama” e mensalão, que poder-se-á conferir os acontecimentos à sua época e fazer lembranças ressurgirem... Inclusive indico!
Ia me esquecendo: Alguns crimes considerados de um menor potencial ofensivo começam a prescrever e sorrisos a abrir... Que tal férias para os ministros? Vem ou não a calhar?

Sem mais.

21 abril, 2012

SUPREMO FERVENDO E EM PROFUNDA CRISE INSTITUCIONAL.

Supremo ou Casa da Mãe Joana? Dúvidas a partir dos últimos acontecimentos são legítimas. Superegos e amesquinhamentos de personalidades não são novidades na Suprema Casa, que ao arrepio de qualquer dúvida, definitivamente, não é a Casa do Senhor...
Aqueles onze “distintos” senhores literalmente possuem o poder, mas possuem o poder pulverizado entre onze, não deveriam esquecer... Não temos onze “He-Mans” como imaginam, a força é conjunta, a força está no Supremo, no “Castelo de Grayskull constitucional”. Se cada um dos membros se sentirem com poder de gritar “Eu tenho a força!”, de per si , se digladiarem entre si EGOistamente, a força do “Castelo de Grayskull” será facilmente anulada, e o Esqueleto (a força do mal) passará a ter o poder...
Vou poupar-me de reproduzir a pequinesa do diálogo protagonizado pelos senhores Peluso e Barbosa divulgado amplamente pela imprensa oficial. Repleto de ataques pessoais, de argumentos ad-hominem, protagonizou-se mais um capítulo triste onde não se discutiu qualquer solução de objetivo institucional, tão apenas alardeou-se à sociedade, via imprensa (meio irrazoável), que o conflito não está apenas onde se faz legítimo e necessário, no plenário da Casa, mas perpassa para os aspectos da individualidade de seus membros, em alusões claras ao caráter e probidade de alguns, um inexorável perigo para a credibilidade de cada decisão institucional exarada, que passa a estar em cheque à partir dos relatos veiculados...
No mérito da “Suprema baixaria”, se fosse proferir meu voto, condenaria ambos e de forma exemplar... Peluso, ministro ultra-conservador de votos impopulares, muitas vezes distante do interesse da sociedade, mostra-se um positivista pouco preocupado com as realidades fáticas e extremamente parcimonioso com os membros do poder... Joaquim Barbosa percebo um membro de difícil trato, com recalques arraigados nas profundezas de sua alma por questões de cor (étnico-raciais), que jamais deveriam se fazer presentes em qualquer Casa, e haveria de ser inimaginável em nosso Tribunal Constitucional, mas devo destacar sobretudo, um ministro com retidão de caráter, que prima por decisões preocupadas com nossas realidades sociais que em grande parte se dissociam dos interesses dos membros de poder.
Acho que ao descrever minhas percepções das duas grandes proeminentes figuras, deixo clarividenciada minhas preferências. Porém, o acontecimento é um fato que não poderá passar como uma má brisa (até por em nada se assemelhar a uma brisa), mas nem como um sudoeste que virou o tempo e no dia seguinte se fez novamente ensolarado. A tempestade foi passada a imprensa e alcançou cada um de nós nos encharcando de dúvidas que necessitam ser dirimidas. No Congresso essas verdadeiras denúncias informais (via imprensa) fatalmente dariam azo à abertura de CPIs, que terminariam em algumas das mais badaladas pizzarias de Brasília. No Supremo esperamos um outro final, onde a transparência de cada membro colocada em cheque seja revelada, ainda que em tom opaco, tudo para o bem de nossa democracia e a mantença do respeito da sociedade por um dos poucos poderes/funções que contam com algum prestígio ético-moral perante a sociedade.
As acusações são sérias e não podem ser relevadas sob pena do descrédito de grande parte do que se construiu neste Tribunal “político” constitucional...
Em meu último texto destaquei ser eu um amasiados do poder das palavras. Infirmei que muitas vezes o silêncio como comunicação simbólica pode revelar-se uma bomba detonada. E agora acrescento aos senhores jurisconsultos que o silêncio tem seu momento ideal e por vezes passa a não ser a melhor solução... Em português claro, se fizeram cagadas, agora sentem em suas merdas para que o cheiro não se espalhe...

Sem mais.

19 abril, 2012

PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO NA ARGENTINA E REPERCUSSÕES...


Los hermanos argentinos reiniciam o processo de entropia negativa iniciado em 2001 com o calote internacional... Voltam a tomar medidas de nacionalismo ufanista e ao invés de mirarem o horizonte miram seus próprios pés... Denotam ainda possuírem uma sociedade arraigada no mais absoluto auto-engano... O futebol bem demonstra o que são; imaginam que o Maradona foi Pelé quando nem Zico foi, e acreditam firmemente que com a repetição do engano com muita paixão, podem criar uma verdade... Esquecem-se, que de falsas premissas não se extrai uma conclusão verdadeira... 
Los hemanos, o mais europeu dos latinos segundo suas próprias convicções, reiteram que seus sentidos são turvos e despidos de coerência fática. Na política, corriqueiramente, atuam como tupiniquins não civilizados, mas não abdicam da pose europeizada quando o aspecto é a arrogância de suas posturas e pronunciamentos...
Políticas nacionalistas quase sempre possuem o marcante condão do populismo. Em regra, são praticadas em países subdesenvolvidos que não possuem uma sociedade culturalmente desenvolvida. Em um estilo “Lady Kate” do “é tudo meu”, costumam caminhar para o isolamento no sentido das palavras de Salazar: “Estamos orgulhosamente sós”... Essa espécie de política geralmente é praticada por governos que percebem um ambiente social interno propício para a prática populista, pois o apoio da sociedade é fundamental. De praxe, costumam vir antecedidas de um processo de convencimento midiático pautado na mágica palavrinha “soberania”. Essa palavrinha, de parcas sílabas, passa a ganhar um significado amplo que em sua real acepção jamais possuiu, como forma de se legitimar abusos em nome da nação, em nome do "interesse do povo"... O descrédito das comunidades e investidores internacionais é uma consequência indissociável destes malfeitos... Essas políticas trazem a imediata repulsa de futuros investidores, o fluxo de capital se desinternaliza, precipuamente se acompanhadas de calotes ou indenizações abaixo dos valores de mercado, como de costume...
A nacionalização é a intervenção direta do Estado na figura de agente econômico, uma apropriação coletiva forçada, por ato de autoridade dos meios de produção, o que difere da expropriação que possui caráter de interesse público. Países desenvolvidos que costumam estatizar, intervêem nos serviços de saúde, transporte, educação, quando entendem possuírem condições de prestá-los com melhor qualidade que o setor privado, formando inelutavelmente Estados inchados. Países subdesenvolvidos costumam estatizar a produção econômica, trazer atividades tidas como lucrativas para o domínio público (petróleo e gás, mineração, siderurgia...), em regra sob o argumento falacioso de aumento da produtividade...
O processo de nacionalização, quando legitimado pelo apoio popular na sua ideia, não tarda, perde a legitimidade, tão logo se principie o fracasso no processo de execução, pois o revés nos resultados prometidos quase sempre, de logo, se percebem, e, nestes casos, a legitimidade inicial transmuda-se em conflitos entre o poder estatizante e a sociedade ludibriada. Imaginar um país não muito firme das pernas, que por sua política nacionalista acaba internacionalmente desacreditado, se tornando um país de alto risco para investimentos externos, reduzindo a internalização de capital humano e financeiro, não angariando empréstimos com facilidade, sofrendo um quase embargo econômico dos países investidores; as chances dessa espécie de política excludente lograr êxito é mínima.
Vale notar, que governos com ares ditatoriais, centralizadores, mostra a história são os mais fidedignos às políticas de nacionalização da economia. Ainda não se pode claramente afirmar que seja esse o intuito do governo de Cristina Kirchner, mas vale lembrar, que a Argentina é uma das participantes do “Foro de São Paulo”, que abertamente apóia as Revoluções Cubana e Sandinista e busca a união da América Latrina contra o imperialismo e as forças neoliberais para criação de um continente socialista em nome da “soberania” dos seus participantes... Olha o vocábulo soberania carregando um peso além do que pode aguentar...
E o Brasil nisso tudo? Elementar meu caro... Cristina, inclusive, sabendo que negociar com o Brasil PT é como roubar pirulito de criança já se pronunciou no sentido de esperar investimentos brasileiros que ajudem nesse processo de nacionalização, pois tem a situação da Bolívia para servir como paradigma... O Brasil investe, toma um cabuloso calote em nome de Juan Domingo Perón no processo de nacionalização, e o Brasil PT ratifica em nome da soberania Argentina... Enquanto a comunidade internacional como um todo reprova a atitude Argentina, o Brasil na voz do “Patriota” aprova. Em nome de quê? Em nome de quê? Da sobrecarregada soberania... É verdade que nada diferente poderia se imaginar, já que o Brasil PT foi esbulhado pelas ditaduras vizinhas e apoiou o esbulho com a mais ridícula omissão... A nossa soberania? Que nada, só temos soberania quando em conflito com os países “imperialistas”, para com nossos vizinhos nossa soberania se faz de quatro, nós mandamos e eles metem gostoso... E não somos soberanos? Claro que somos, só ficamos de quatro quando queremos!
Os empresários brasileiros investidores nesse mercado de alto risco certamente estão de orelhas levantadas, cabelos em pé e se depender das autoridades de nosso país de quatro à espera da próxima trolha soberana...

Sem mais.