18 dezembro, 2008

MAIS VEREADORES A NOS VAMPIRIZAR E OS CORDEIRINHOS A SE ACOMODAREM...

Com 55 votos a favor, 5 contra e uma abstenção o Senado aprovou na madrugada desta quinta-feira, na calada da noite, Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que aumenta em 7.343 o número de vereadores no Brasil. Com a decisão, o país que contava 51748 vampiros será um "pouco" mais sangrado com os 59.791. Um artigo prevê que a mudança valerá para os vereadores que tomarão posse no próximo mês. A emenda deverá ser promulgada pelo Congresso ainda nesta quinta.
O Senado nada mais fez que seguir a ótica reflexiva defecada pelo Sr. Presidente, quando afirmou ser a crise no Brasil tão apenas uma marolinha... Enquanto o mundo corta gastos, encolhe, adequa-se a uma nova realidade recessiva, o Brasil segue o caminho contrário, do inchaço da máquina pública.
Comovente foi a "pressão sofrida pelo Senado" por parte dos vampiros, digo, Vereadores, pelo aumento do número de cargos eletivos nos municípios. Argumentaram pela falta de uma maior representação do cidadão nos interesses municipais, risível, incomentável, e por isso por mim ignorado. Pediram para papai noel (Senado) este presente de final de ano, leia-se, maiores oportunidades para em meio ao mais insurgente ócio, muito barganhar, corromper e ser corrompido, desviar, apropriar-se, favorecer-se... na próxima legislatura, ou seja, penetrar legitimamente, com o voto popular no mundo do crime para sangrar os que deveriam representar...
Estamos prestes a completar esta última década em meio ao mais sórdido esterco social desde o período ditatorial. Os períodos diferenciam-se em meu ângulo de visagem muito mais pela ausência de transparência do hodierno lameado pelo sentido mais hipócrita, que propriamente pela democracia anunciada no texto constitucional. No período mais remoto, as cartas encontravam-se postas e sabíamos do "terreno minado", certas áreas o acesso era restrito às claras. Hoje as minas encontram-se espalhadas nos terrenos mais belos, com uma belíssima flor à enfeitar e atrair o cidadão para que puxe a "válvula" e se exploda...
Como "garantia" de que o aumento no número de vereadores não representará mais gasto no Orçamento de 2009, os parlamentares se comprometeram a votar, em fevereiro, emenda do senador Aloízio Mercadante, que mantém para o ano que vem o mesmo recurso orçamentário repassado às Câmaras Municipais em 2008. A emenda será incorporada a uma PEC paralela que tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Conta difícil de se fazer por sinal, somam-se 7343 vampiros e o orçamento permanece o mesmo... Na realidade vampiro algum preocupa-se tanto com seu salário direto, que pode representar à depender do vampiro apenas 30 % de seus ganhos... O "salário" barganhado com o uso de seus poderes de influência responde pela parte mais significativa de suas rendas mensais... Há ainda o art. 29-A da CR, que limita as despesas com o poder legislativo municipal, responsabilizando os Prefeitos nos termos do parágrafo 2º. Limite constitucional este, sabidamente desrespeitado nos ajustes orçamentários, gomas são "cagadas" para Lei de Responsabilidade Fiscal, portanto para os Municípios faltará dinheiro "fruto da crise mundial", para os vampiros a economia doméstica estará no ritmo do PAC, não do PAC praticado como política pública no andar de um cágado cansado, mas do PAC engodo, anunciado quando de sua criação...
Enquanto a pequena fatia da sociedade pensante não se mobilizar para conscientizar a massa de manobra de sua cegueira e analfabetismo funcional, tarefa árdua e penso levemente utópica, o caos social continuará a dividir a sociedade entre os favorecidos pelo sistema e os cordeiros.
Deveríamos atentar hoje para os nossos três poderes de Estado que nos representam, em especial o Legislativo e o Executivo, como impiedosos inimigos do interesse público/social. Há sim um complô, um movimento arraigado no poder onde a intenção é excluir a democracia da informação dos cidadãos, como forma de inutilizar a força que teria um povo alimentado pela instrução armado pela democracia. Não sou neurótico de guerra nem alardeador do terror, sou apenas um cidadão que enxerga.
Solução? Não estou aqui para isso, não sou pago para tal mister. Procuro passar apenas a necessidade de mobilizar-se, antenar-se para ao menos saber fiscalizar quem está a nos representar. Aí sim, incorporaremos o sentido da palavra cidadão e poderemos fazer digressões sobre as verdades e mentiras desta democracia...

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