29 outubro, 2008

ELEIÇÕES MUNICIPAIS: O RIO QUE PEDIU PAZ RECEBEU PAES...

Eleições findadas e alguns questionamentos se fazem necessários. Irei direto aos nodais pontos. Primeiramente enxergando o resultado em seu contexto global, percebeu-se faticamente que Lula não transfere votos. A magia está realmente em sua cara de carranca... Apesar de todos os esforços envedrados pessoalmente por este, somatizados aos de sua sua corja, o PT obteve um resultado pífio em nível nacional, levando-se em consideração a pressão de toda uma máquina pública neste verdadeiro vale-tudo pelo voto... E literalmente valeu tudo nestas eleições, pois vejam:
Dia 28 de outubro é o dia comemorativo do Funcionalismo Público do Estado do RJ. Ou não? Estaria eu confuso? Bom, continuemos e explicitemos...
O governo do Estado do Rio, capitaneado pelo ator Sergio Cabral Vaselina Filho antecipou do dia 28 para o dia 27 deste mês o ponto facultativo nas repartições do Estado, o que acabou criando um "contextualizado" feriado prolongado de 25 (sexta-feira) a 27 (segunda-feira). O feriadão ocorreu justamente no fim de semana dos pleitos de segundo turno, que aconteceram no domingo, 26... E o que isso veio a provocar? Uma abstinência de votos jamais vista em eleições municipais. A ausência de 927.250 eleitores. Detalhe, as maiores abstenções registradas foram nas zonas eleitorais do Centro (26,34%), da Zona Sul (26,11%) e da Grande Tijuca (22,14%), três regiões que registraram com amplíssima margem o melhor desempenho do candidato derrotado , Fernando Gabeira (PV)...
"O adiantamento do feriado foi uma determinação do Governo Federal, que o Governo do Estado do Rio resolveu seguir afirmando que caso o feriado continuasse no dia 28 e o dia 27 fosse um dia útil a produtividade dos funcionários iria cair, segundo o Secretário de Estado Chefe da Casa Civil Regis Fichtner."
E ficou assim a divisão da cidade por regiões:
A região que inclui bairros como Vila Militar, Santa Cruz, Campo Grande, além de Barra da Tijuca e Jacarepaguá deu vitória a Eduardo Paes com 57,26% dos votos, contra 42,74% de Gabeira. Quatro em cada dez pessoas que votam no Rio moram nos subúrbios da Central e da Leopoldina e na zona suburbana que incluem bairros como: Manguinhos, Méier, Bonsucesso, Deodoro e Pavuna. Nesse locais Eduardo Paes ganhou o maior número de votos 54,84%, contra 45,16% de Gabeira. Mas nas outras regiões do Rio o candidato do PV ficou na frente. O melhor desempenho dele foi na Zona Sul, que representa 12,68% do eleitorado da cidade. Naquela região Gabeira recebeu 70,88% dos votos, apenas três em cada 10 eleitores votaram em Eduardo Paes. A Zona Norte - os bairros do Andaraí, Grajaú, Maracanã, Praça da Bandeira, Rio Comprido, São Cristovão, Tijuca e Vila Isabel - representa 8,51% dos eleitores da cidade. Gabeira levou a melhor com 61,61% dos votos, enquanto Eduardo Paes teve 38,39% dos votos. Restou comprovado, que o maior índice de abstenção se fez sentir na Zona Sul do Rio, onde a população pressupõe-se possuir melhores condições financeira e intelectual para viajar e votar em Gabeira, respectivamente e coincidentemente...
E o que restou de tórrida clarividência?
Primeiramente o pau de galinheiro, que virou sinônimo do termo "fazer política". Hoje "fazer política" ganhou um sentido extremamente lato, que vem à compreender e bem aceitar práticas criminosas e de imoralidades incontestes. O Governo Federal tornou-se o maior paradigma da política do "mais valia", da política insculpida por Maquiavel "onde o fim justificariam os meios"...
Poderia eu neste momento afirmar, que Gabeira elegeu-se moralmente Prefeito do Rio, porém firmaria uma conclusão inverídica dada as premissas apresentadas, o que fatalmente aniquilaria minha conclusão como falsa... Conclusão unívoca a meu ver, é no sentido de a política da imoralidade do Governo Federal ser a política da situação, é esta ter se revelado a política das urnas cariocas...
Hoje temos uma evidente divisão do Rio como demonstrei acima, de um lado os mesmos iludidos que se vendem ao Governo Federal, localizados nas zonas de maior déficit financeiro e cultural. Do outro lado ficaram as classes alta e média do Rio, já mais discernidas e mais caras, não vendidas por esmolas, com a surpreendente inclusão da Barra da Tijuca, local onde reside o Sr. Paes e onde construiu sua carreira política e bradou promessas no posto de subprefeito, de onde, diga-se de passagem, jamais deveria ter saído ou se quer entrado... Nestas aliás, concentram-se os Funcionário Públicos do Estado, que lamentavelmente me fazem repensar a questão do discernimento, já que optaram pelas discutíveis benesses de um feriado artificialmente prolongado em lugar de prováveis 4 anos de rompimento com a hipocrisia, ainda que tal sensação restasse sentida apenas nas dimensões e competência do município...
Como de costume exponho neste espaço, em uma democracia não se pode culpar tão apenas as mazelas administrativas de quem nos representam, sem dotar uma grande parcela à quem diretamente os elegeu. O Rio nestas eleições municipais me fez sedimentar a inequívoca certeza de que a alienação e a massa de manobra não se amesquinha às classes menos favorecidas... Estou certo que temos todos em nossos códigos genéticos os genes das simpáticas marionetes, o que nos faz por vezes dançar abobalhadamente ao ritmo da música que melhor convém aos nossos manipuladores...
Venceu o comprometimento, não com a cidade, mas com as alianças despidas de critérios, venceu as indicações e trocas de favores, venceu a politicagem em seu sentido mais hipócrita e vilipendiador do moral...
Sem mais...

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