31 maio, 2008

Vivemos em uma democracia?

Quando você pensa em política, qual a primeira palavra que vem a sua cabeça?
Corrupção? Prevaricação? Nepotismo? Corporativismo? Imunidade? Quadrilha? Impunidade? Qualquer uma dessas encaixaria-se com extrema fidedignidade, mas, a mais ordinária em seu sentido corriqueiro, que povoa do empobrecido ao frugal vocabulário popular revela-se capaz de indelevelmente conceder um sentido lato apropriado, VERGONHA.
No ilusório de qualquer povo, de qualquer Estado-Nação, livre ou não, está a inexorável ambição em alcançar a plenitude de um Estado Democrático de Direito, onde as vicissitudes hodiernas seriam dissolvidas por representantes probos escolhidos pelo povo para tal mister, de forma que surgissem atos administrativo e legislativos que não albergassem a corrupção, a prevaricação, o corporativismo, a "quadrilhagem" e a impunidade... Não retiro a parcela de culpa que cabe ao Judiciário, mas concedo meu parcial "perdão" por encontrar-se engessado pelos outros dois poderes-atribuições do Estado.
E porque dessa introdução, que nada diz além do óbvio "lulante"? Exatamente porque o povo nada conhece, nem o óbvio... O povo brasileiro enjaulado em sua estupidez faminta nada alcança além do que o fome zero pode lhes proporcionar. O grande norteador de cada tupiniquim desprovido não é seu raciocínio, mas sim seu estômago. E vem daí a mais completa alienação e cegueira que provoca um prato de feijão, vide eleição...
Estampam as manchetes dos mais diversos jornais cariocas, do Povo ao Globo, mais uma vergonha à se juntar as muitas que já protagonizaram nossa imprensa escrita este ano, este mês, esta semana, este dia...
O deputado estadual Álvaro Lins deixou, por volta das 17h30 desta sexta-feira (30), a sede da superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, no Centro do Rio, onde ficou preso pouco mais de 24 horas. Lins foi um dos 16 denunciados pelo MPF à Justiça, sob a acusação de formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro.
O deputado deixou a sede da PF menos de meia hora após o fim da votação na Alerj do projeto de resolução que decretou a revogação de sua prisão. Lins saiu do prédio no próprio carro da Alerj. O placar da votação foi de lavada: 40 deputados votaram a favor e apenas 15 parlamentares foram contrários à decisão que fez confirmar a regra pró impunidade corporativista... Será que a impunidade corporativa cabe em um Estado Democrático de Direito?
Embora tenha imunidade parlamentar, Lins foi preso porque a Polícia Federal considerou que houve flagrante por crime de lavagem de dinheiro. A justificativa era a de que o deputado ostenta um padrão de vida superior aos seus rendimentos. "Injustificável" por sinal, já que percebe R$ 7.ooo,oo mensais da Alerj e gasta uma média de R$ 30.ooo,oo... Os outros R$ 23.ooo,oo certamente são bicos... Será que imunidade cabe ee um Estado Democrático de Direito?
O crime de lavagem de dinheiro por exemplo revela-se inafiançável e continuado, tendo total cabimento "a qualquer tempo a prisão em flagrante, pela permanência do estado de flagrância".
Na mesma ação do Ministério Público Federal, o ex-governador Anthony Garotinho foi acusado de crime de formação de quadrilha armada por usar a estrutura do estado para dar respaldo político a uma organização criminosa liderada por Álvaro Lins.
Garotinho, que já foi candidato à Presidência da República e atualmente preside o PMDB no Estado, é um dos representantes do populismo, do fisiologismo e do nepotismo, entre outras mazelas. Será que nepotismo cabe em um Estado Democrático de Direito?
Ao seu currículo, soma-se agora a suspeita de ter usado seu período no Palácio Guanabara e também o de sua digníssima esposa, para acobertar as ações de um grupo de policiais que, encastelados na chefia da Polícia Civil, barbarizou o Rio de Janeiro cometendo ilícitos variados. A lista inclui facilitação de contrabando, formação de quadrilha, proteção a contraventores, cobrança para nomeação de delegados, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva... Uma curiosidade extremamente esclarecedora é que após a saída de Garotinho, elegeu-se Garotinha, sua digníssima e quem se ofereceu para o cargo de Secretário de Segurança? Ele mesmo, Garotinho... Desta forma deu-se prosseguimento ao esquema de Álvaro Lins e tivemos um Garotinho continuando a brincar com coisas perigosas e proibidas...
Garotinho hoje, com certa parcela de razão, devo confessar, cobra tratamento semelhante. Reclama em outras palavras, estar-se ferindo o princípio da igualdade, pois Delúbio, Dirceu, enfim a quadrilha Lulo-petista de uma forma geral não teriam tido seus imóveis invadidos desta forma pela PF... Iludido pelo apoio de nosso Presidente ao crime, esqueceu-se que a impunidade corporativa tem cabida apenas aos seus, aos membros do PT... Aos inimigos aplica-se o rigor da lei...
Como se pode perceber, política é uma palavra multifacetada, que aceita o sentido de um número surpreendente de vocábulos, bem democrática... Democrática? Mas como disse, quando do início desta postagem, o sentido popular conferido se faz plenamente apropriado aqui no Brasil, onde política e VERGONHA interagem, se intercambeiam...
Para reflexão: Os países totalitários são os maiores celeiros de impunidade corporativa; de nepotismo; onde o poder revela-se intangível, imune as leis e onde se percebe de forma mais clarividente a corrupção. Fica o auto-questionamento se a democracia brasileira se amesquinha tão apenas no direito de seu povo escolher diretamente seus representantes. Se assim for, vivemos efetivamente em um Estado Democrático de Direito e eu realmente supervalorizei o sentido da palavra democracia...

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